quinta-feira, 27 de julho de 2017

Conto - Amor Soturno


"Lá estava ela parada em minha porta, seus cabelos negros cobriam-lhe partes de sua face, o quarto estava gelado, era como se o tempo estivesse parado"
Tudo começou há aproximadamente 1 ano, eramos um casal perfeito, estávamos juntos há 3 anos, fazíamos tudo juntos, éramos uma só pessoa.
Nas noites de sexta, tínhamos o hábito de irmos ao cemitério da cidade, encontrar nossos amigos, bebíamos e conversávamos e foi em uma dessas noites em que as trevas sucumbiu em minha vida.
Estávamos sob um túmulo conversando, riamos, quando o céu desceu, relâmpagos, corremos para tentar nos esconder em um dos túmulos cobertos, quando Lucy veio a cair e bater sua cabeça em uma quina de um dos túmulos, logo o sangue misturou-se com a chuva e todo aquele corredor ficara vermelho.
Não acreditava no que havia acontecido, Lucy, meu amor, aquela que completava minhas trevas de existência...
No outro dia fora seu enterro e o meu também.
Os dias passavam-se e as noites eram insones, somente com meus poemas e minhas garrafas de vinho e foi em uma destas noites em que sua presença tornou-se real perante mim.
Eu estava debruçado sobre minha escrivaninha, com uma taça de vinho e meus poemas soturnos, quando um arrepio tomou conta de meu corpo, olhei para meu lado esquerdo e lá encontrava-se Lucy, parada, olhando-me, suas vestes estavam todas manchadas, Lucy sussurrava-me, querendo pedir-me algo. Foi como um piscar de olhos, desaparecerá, levantei-me correndo de onde estava e dirigi-me em direção à porta, para minha surpresa, não havia nada, pensei comigo "Fora um Devaneio"
Voltei para minha escrivaninha, tomei mais um gole de vinho e apaguei.
Acordei com o sol batendo em minha face e com aquela lembrança em minha mente, decidi ir ao cemitério fazer-lhe uma visita.
Como de costume, de dia ou noite, sempre usava meu sobretudo, ao chegar ao cemitério sentei-me ao lado de seu túmulo, senti quando um arrepio tomou conta de meu corpo novamente, como um vento, suavemente passou, algo induziu-me a colocar a mão dentro do bolso do sobretudo, havia um papel, quando retirei o mesmo, atordoei-me, era um dos bilhetes que havia escrito para Lucy.

"ESTAREMOS ETERNAMENTE JUNTOS!!!"

Despedi-me de Lucy e caminhei para casa, o sol estava a se por, caminhando senti que algo me observava, olhei para trás, não havia nada, mas suavemente adentrou em minhas narinas o perfume que Lucy usava, atordoei-me novamente, a lua beija-me, o vento era suave e as lembranças tormentas.
Por alguns instantes pensei em ter visto algo passando à minha frente, mas apenas frestas de luzes.
Ao chegar em minha casa, dirigi-me novamente à minha escrivaninha, enchi minha taça com um vinho suave.
Minha mão deslizava lentamente sobre o papel, tecendo versos soturnos para Lucy, quando novamente seu perfume adentrou minhas narinas, o gélido vento beijou meu corpo, levantei minha cabeça para a porta, lá estava ela, parada em minha porta, seus cabelos negros cobriam-lhe partes de sua face, o quarto estava gelado, era como se o tempo tivesse parado.Senti sua mão sobre mim e novamente aquele bilhete estava em minhas mãos.
Lucy olhava-me, enquanto minha mão pegara um lápis que encontrará na escrivaninha e dirigia-se à veia artéria de meu pescoço, ali seria meu fim, Lucy olhava-me enquanto o lápis adentrava meu corpo e meu sangue escorria como naquela noite em que se foi.
Junto de meu corpo ao chão, ensanguentado, o bilhete que um dia havia escrito para Lucy e que hoje tornara-se realidade.

"ESTAREMOS ETERNAMENTE JUNTOS!!!"

Fúnebre Amor


Devaneios Noturnos


quinta-feira, 6 de julho de 2017

Martírio


Martírio

Lua que banhas minha dor
és confidente de meu pranto,
tu conheces as sombras de meus versos
tu velaste meus sonhos (pesadelos).
Lua que banhas minha face
salgada em lágrimas,
tu que conheces os espectros
de meu passado (Lembranças),
És confidente de meus versos rabiscados.
Lua que hoje se esconde
talvez também sentira
e por compaixão
chora escondida
o martírio deste poeta.

H.S.Gabell